sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

O lixo nosso de cada dia

Semanas atrás falei da embalagem do meu creme que tinha um design sofrível, agora resolvi pesquisar sobre a política de resíduos sólidos pós consumo das principais marcas de cosméticos que eu conheço, que é o que nos sobra depois que o produto acaba. Os resíduos sólidos da cadeia produtiva podem até ser responsabilidade minha também como consumidora, mas pouco posso interferir nela. Resolvi ver o que as empresas falam de residuos sólidos sem eu precisar ler o relatório de sustentabilidade.
residuos
Fonte: https://flic.kr/p/e4PYUh
Nívea
A Nívea foi a primeira “vítima” por 2 motivos: 1- falei dela no post sobre o design ruim da embalagem e 2- apareceu um post patrocinado deles na TL do meu twitter, se eles estão pagando pra fazer propaganda em rede social, vamos ver se esse canal realmente funciona para conversar com o consumidor (mais um teste além do ambiental). Ai perguntei pelo twitter sobre a política de resíduos sólidos da Nivea e recebi esse link como resposta: http://www.nivea.com.br/Sobre-nos/beiersdorf/Responsabilidade-Ambiental
Bom, sobre o destino das embalagens pós consumo só li blablabla, nada concreto que me convence da real preocupação deles, um “apoiamos o projeto tal que se preocupa com esse assunto” e só. Ai perguntei no twitter novamente se eles sabiam qual a porcentagem de embalagem são recicladas, estou no aguardo da resposta.
Unilever
Ai resolvi pesquisar outras… Joguei no Google o nome da empresa e as palavras resíduos sólidos, depois de uns cliques no site deles achei esse link no site da Unilever: http://www.unilever.com.br/sustainable-living-2014/waste-and-packaging/
Achei mais interessante pois eles têm metas estabelecidas sobre reciclar embalagens: “aumentar as taxas de reciclagem e recuperação, em média, em 5% até 2015 e em 15% até 2020 nos nossos 14 principais países” e apresentaram o seguinte dado: “Aumento de 7% nas taxas de reciclagem e recuperação em 2013, superior ao Índice de Reciclagem e Recuperação médio de 2010, registrado nos nossos 14 principais países.” Legal, mas  o quanto desse 7% é no Brasil? E vamos combinar que 7% numa operação em 14 países é quase pífio.
P&G
Com a busca no Google P&G e residuos sólidos (ou qualquer coisa parecida com isso) cheguei nesse link: http://www.pg.com/pt_BR/sustentabilidade/sustentabilidade_ambiental/index.shtml
O plano é bastante audacioso “Nossa Visão, anunciada em 2010, inclui: (…) Usar 100% de materiais renováveis ​​ou reciclados em todos os produtos e embalagens. Depositar zero de consumo e resíduos de fabricação em aterros sanitários.” Mas não falam quando pretendem atingir a meta, ah, mas é a visão, não é uma meta, pode ser que nunca atinjam seja só um alvo a se atingir… Ainda tem um “saiba mais sobre a nossa visão de longo prazo”, mas não tem link nenhum redirecionando pra lá. Também não ficou claro pra mim se no consumo e resíduos de fabricação inclui embalagens pós consumo.
Descobri por acaso que eles tem um projeto com uma empresa chamada Wise Waste que criaram a partir de embalagens recicladas um display para um dos produtos deles em supermercados. Aliás o trabalho da Wise Waste é bem interessante, saiba mais aqui. Mas no site da empresa mesmo só tem aquelas metas megalomaníacas sem nada muito prático.
Natura
Mandei um twitt e não recebi resposta 2 dias depois, procurando no google achei vários links para os relatórios anuais da empresa 2009 (acho q seja pois só tinha dados até 2008), 2012, 2013. Não é o que que esperava achar, principalmente da Natura. As informações são vagas e sem nenhuma meta clara, no relatório de 2014 fala que “A Natura está elaborando um plano de logística reversa, que tem como principal objetivo estruturar um modelo de gestão capaz de transformar resíduos em oportunidades de novos negócios. Este plano tem previsão de lançamento ainda no ano de 2014.” Eu esperava mais da Natura, muito mais…
Avon
Mandei um twitt e não recebi resposta 2 dias depois.
Procurando no Google não achei NADA relevante. No site da empresa tem uma seção de responsabilidade social, nada sobre meio ambeinte. Falam de teste em animais, mas absolutamente NADA do ponto de vista ambiental e resíduos sólidos… Decepção monstra.
Conclusões
Escolhi essas empresas pois consumo produtos delas e como são empresas que fazem parte do business as usual esperava números sobre o assunto, só 1 me apresentou números concretos sobre a preocupação com a geração de resíduos e posterior descarte, as outras tratam o assunto de forma superficial, pelo menos aos olhos do consumidor leigo que resolve descobrir por si só o que as empresas fazem/pensam sobre o assunto. Uma delas até ignora o assunto. Ou simplesmente resolveu não contar pra ninguém o que faz sobre o assunto. Se alguma empresa dessas quiser entrar em contato comigo para esclarecer melhor suas preocupações sobre os temas resíduos sólidos pós consumo, logística reversa, etc estou super aberta para ouvir e saber mais, o importante mesmo é tornar pública suas práticas, o consumidor agradece, isso chama-se transparência. #ficaadica
A princípio pensei em ligar nos atendimentos ao consumidor de cada uma delas para perguntar sobre o assunto, mas esse processo é tão chato que eu desisti, mas talvez seja mais eficaz que esse post, mas se você quiser fazer isso segue o número dos telefones de cada uma das empresas, acho que pode surtir mais efeito e ainda dá pra testar o quanto elas dão de importância para a preocupação do consumidor.
Nivea – 0800-77-64-832
Unilever – 0800-707-7512
P&G – 0800 701 5515
Natura – 0800.115.566
Avon – 0800 7082866
Se alguém conhecer alguma empresa de bens de consumo não duráveis que nasceu pensando no ciclo completo de vida de seus produtos me avise, pois eu até hoje não vi nenhuma.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Catadores de Materiais Recicláveis




De acordo com a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico realizada pelo IBGE em 2000, coleta-se no Brasil diariamente 125,281 mil toneladas de resíduos domiciliares, e 52,8% dos municípios Brasileiros dispõem seus resíduos em lixões.

Hoje estima-se que 1 em cada 1000 brasileiros é catador.
E 3 em cada 10 catadores gostariam de continuar na cadeia produtiva da reciclagem mesmo que tivessem uma alternativa. Estes têm orgulho de ser Catador.

Há Catadores de todo tipo.
  • Trecheiros: que vivem no trecho entre uma cidade e outra, catam lata pra comprar comida.
  • Catadores do lixão: catam diuturnamente, fazem seu horário, catam há muito tempo ou só quando estão sem serviço de obra, pintura etc.
  • Catadores individuais: catam por si, preferem trabalhar independentes, puxam carrinhos muitas vezes emprestados pelo comprador que é o sucateiro ou deposista.
  • Catadores organizados: em grupos autogestionários onde todos são dono do empreendimento, legalizados ou em fase de legalização como cooperativas, associações, ONGs ou OSCIPs.

O Catador é um sujeito que, historicamente, tira do lixo o seu sustento. Seja através da prática da coleta seletiva junto a alguns parceiros que doam o seu lixo ou, melhor ainda, seus recicláveis selecionados na fonte; seja caçando recicláveis pelas ruas e lixões, sacando os recicláveis do lixo misturado que o gerador não teve a decência de separar e colocou no mesmo saco o que pode e o que não pode ser reaproveitado.
Com esse “trabalho” a companhia de limpeza urbana deixa de pagar inúmeros kilos que seriam coletados e dispostos em aterro ou lixão. Na pior das hipóteses é uma economia. É um serviço a população já que esses materiais coletados pelos catadores vão evitar o consumo de matéria prima virgem – recursos naturais esgotáveis – além da economia com coleta e disposição final.

Dentre os Catadores organizados ou em organização existem os

  • Grupos em organização: com pouca ou nenhuma infra-estrutura, muita necessidade de apoio, e vontade de trabalhar em grupo e se fortalecerem.
  • Catadores organizados autogestionários: grupos que funcionam como cooperativas de fato onde decisões são tomadas de modo democrático, as vendas e os resultados são de domínio de todos graças a transparência das informações que muitas vezes são afixadas na parede - o valor da venda, dos descontos, as atas das reuniões e etc. Não há uma liderança única da qual dependam todas as decisões e todos os associados representam o empreendimento como dono.
  • Redes de cooperativas autogestionárias: A idéia de rede é uma forma de fortalecer os grupos na busca de quantidade, qualidade e freqüência que são algumas das imposições do mercado da reciclagem. Em rede os grupos podem vender por melhores preços por terem juntos maiores quantidades e aqueles que não tem prensa poderem enfardar o material. Em rede os grupos também podem se organizar para otimizar a coleta e realizarem inclusive coleta de outros materiais como óleo de cozinha, alimentos entre outros.

E há também as

  • Coopergatos: Grupos não autogestionários, que tem um dono, onde um manda e todos obedecem e funciona como uma empresa privada só que sem os benefícios sociais que uma empresa privada teria que dar.
  • Cooperativas de Sucateiros: Alguns sucateiros que, nem sempre, mas freqüentemente tem com catadores relações pra lá de exploratórias, percebendo vantagens junto a políticas públicas se regularizam legalmente como cooperativas mas funcionam como empresa privada, sob a fachada do cooperativismo. Infelizmente esse padrão é bastante freqüente.
  • Cooperativas de apoiadores: Grupos de catadores organizados por pessoas que não tem histórico na catação e se auto-declaram catadores (mas tem perfil de apoiador) para exercer uma liderança sem nenhum compromisso com o processo emancipatório dos catadores. Apoiadores só deveriam fazer parte de uma cooperativa de catadores de materiais recicláveis se fosse no conselho consultivo, sem direito a voto e sem direito a renda.

É imperativo que o apoio aos catadores seja compromissado com o protagonismo deles e a construção dos processos emancipatórios desta categoria.
Catadores são vítimas de preconceito por parte da sociedade e constantemente são associados ao problema do lixo podendo ser associados as soluções.

São atores históricos da gestão dos resíduos nas cidades e da cadeia produtiva da reciclagem e merecem políticas públicas que fortaleçam seu perfil empreendedor e ecológico.

O estilo do apoio no Brasil é o do amparo, da tutela simbólica, que vê os atores históricos como incapazes, estilo cesta básica e assistencialismo. Será bom entender o que é apoio dentro de uma premissa emancipatória.


De acordo com o dicionário Aurélio temos 

a.poi.o
s. m. 1. Tudo que serve para amparar, firmar, segurar, sustentar. 2. Mec. e Constr. Base, assento, sapata. 3. Amparo, socorro. 4. Argumento, autoridade, prova, ou qualquer coisa que se autorize, ou se prove. 5. Aprovação, assentimento.

E temos ainda
tu.te.la
s. f. 1. Dir. Encargo legal para proteger uma pessoa ou os bens de um menor ou de um interdito; tutoria. 2. Amparo, proteção. 3. Fam. Sujeição vexatória; dependência.

E ainda
e.man.ci.par
v. 1. Tr. dir. Eximir do poder paternal ou de tutela. 2. Tr. dir. Tornar independente. 3. Pron. Livrar-se do poder paternal ou de tutela. 4. Pron. Tornar-se livre.

 
Para saber o contato de cooperativas de Catadores do Rio de Janeiro clique aqui
 
Para saber o contato de cooperativas de Catadores de todo o Brasil entre em contato com o Movimento Nacional dos Catadores www.MovimentodosCatadores.org.br pelo telefone (11)3399-3475; Ou pelo site www.rotadareciclagem.com.br
 

domingo, 9 de novembro de 2014

Artista transforma lixo em luxo em Niterói

O Centro Cultural Abrigo de Bondes, em Niterói, recebe a partir do dia 9 de outubro a exposição "O Luxo do Lixo", de Cacau Salabert. A mostra fica em cartaz até 29 de novembro, com entrada franca.

Divulgação/ TMN assessoria

Depois de expor três vezes na França, o artista apresenta esculturas, quadros, luminárias feitas de materiais recicláveis. Utilizando somente plástico, alumínio, ferro, papel e componentes eletrônicos o artista transforma completamente que é considerado lixo para alguns, em objetos luxuosos.
Desde sua volta de Paris, o artista começou a criar quadros temáticos, cápsulas de champanhe transformados em "pequenas cadeiras de pensamento", com motor de liquidificador ele faz apropriações e o transforma em luminária e de outros materiais surgem caixas, animais, quadros e espelhos se fundem em um festival de formas, mas todos com a mesma característica: o sentido da transformação chamada descartáveis​​. Um outro olhar sobre o meio ambiente.

O que: O Luxo do Lixo
Onde:
Centro Cultural Abrigo dos Bondes
Rua Marquês de Paraná, 100
Centro
Niterói
Ver no mapa

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

EcoD Básico: Lixão, Aterro controlado e Aterro sanitário


Portal EcoD – www.ecod.org.br

Para onde vai o seu lixo depois que você o joga na lixeira? Pouca gente pensa sobre o assunto, mas tudo que consumimos, desde uma garrafa de água até o pneu do carro, vira lixo em algum momento e segue por um destino que muitas vezes não é sustentável.
Somente no Brasil são produzidos cerca de 240 mil toneladas de lixo todos os dias, sendo que apenas 2% de tudo isso segue para reciclagem. O resultado é uma enorme quantidade de resíduos que precisa de uma nova destinação após sua vida útil.
Entre todos os rumos possíveis, três se destacam no país: os lixões, os aterros controlados e os aterros sanitários. As diferenças entre cada um deles você confere logo abaixo:
Lixões

Lixão é uma área de disposição final de resíduos sólidos sem nenhuma preparação anterior do solo. Institucionalizados ou clandestinos, esses locais recebem volumes diários de lixo que são amontoados um por cima do outro. População civil e, em alguns casos, a própria prefeitura, são responsáveis por jogar o lixo coletado no local.
Diversos problemas tornam o lixão a solução menos indicada quando o assunto é o descarte do lixo. Por não ter nenhum tipo de proteção, esses locais se tornam vulneráveis à poluição causada pela decomposição do lixo, tanto no solo, quanto nos lençóis freáticos e no ar.
Isso ocorre porque a maior parte do material despejado entra em processo de decomposição, produzindo o chorume e o gás metano. O chorume escorre com o auxílio da chuva e penetra na terra, chegando aos lençóis freáticos localizados abaixo do lixão e contaminando a água.
Já o biogás resultante da decomposição do lixo e formado por gases como metano, gás carbônico (CO2) e vapor d’água, é liberado diretamente para a atmosfera – sem antes passar por nenhum tipo de tratamento.
Além dos impactos ambientais, o acumulo de lixo atrai animais transmissores de doenças, como moscas e ratos. O local ainda é tido como fonte de renda para a população carente, que recolhe o material reciclável e, em alguns casos, chega a se alimentar dos restos encontrados no lixo.
Aterros controlados

Os aterros controlados são locais intermediários entre o lixão e o aterro sanitário. Trata-se geralmente de antigas células que foram remediadas e passaram a reduzir os impactos ambientais e a gerenciar o recebimento de novos resíduos.
Esses locais recebem cobertura de argila e grama e fazem a captação dos gases e do chorume. O biogás é capturado e queimado e parte do chorume é recolhida para a superfície. Os aterros controlados são cobertos com terra ou saibro diariamente, fazendo com que o lixo não fique exposto e não atraia animais.
Aterros sanitários

Os aterros sanitários são espaços preparados para a deposição final de resíduos sólidos gerados pela atividade humana. Esses locais são planejados para captar e tratar os gases e líquidos resultantes do processo de decomposição, protegendo o solo, os lençóis freáticos e o ar.
As células são impermeabilizadas com mantas de PVC e o chorume é drenado e depositado em um poço, para tratamento futuro. O biogás é drenado e pode ser queimado em flaires ou aproveitado para eletricidade. Por ser coberto por terra diariamente não há proliferação de pragas urbanas.

Fonte: http://www.rumosustentavel.com.br/ecod-basico-lixao-aterro-controlado-e-aterro-sanitario/

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

LIXO – este problema tem solução



............Nos últimos anos registrou-se um crescimento acelerado da população urbana no Brasil. Com o Estado do Pará não foi diferente. Em função dos avanços tecnológicos, esta população vem apresentando mudanças marcantes nos hábitos de consumo. Com isso, o lixo produzido é cada vez maior e de qualidade diversificada, contribuindo para uma série de problemas de ordem sanitária, ambiental, econômica e social.
............Por causa de fatores diversos, como a escassez de recursos financeiros, a falta de apoio técnico e a falta de consciência em relação aos prejuízos que o lixo acarreta à saúde da população e ao meio ambiente, os municípios paraenses enfrentam sérias dificuldades com a coleta e destinação de seu lixo.
............De maneira diferente, o problema do lixo incomoda hoje as diversas cidades do Estado, afligindo mais fortemente algumas prefeituras do que outras. Isto não significa, porém, que os problemas sejam menores ou de mais fácil solução nos locais onde parecem incomodar menos. Problemas atualmente invisíveis podem, em pouco tempo, causar grandes dificuldades.
............Não há qualquer vantagem em deixar a solução para depois. Um município pode, por exemplo, não estar registrando ainda conseqüências graves da poluição ambiental sobre a saúde da população. Mas elas, certamente, podem aparecer se o problema for negligenciado. O rigor das leis e as pressões populares podem ainda não ter atingido a administração. Mas, até quando?
............Apesar de tudo, a situação pode ser enfrentada com calma e tranqüilidade. As soluções para o problema podem estar em propostas simples e específicas para cada região. Juntos, Governo estadual, Prefeituras e a comunidade podem chegar às medidas que vão proporcionar melhor qualidade de vida a toda população paraense.

O que é o lixo?

............É todo e qualquer material proveniente das atividades humanas que não serve mais e, por isso, é jogado fora. Pode ser também gerado pela natureza. O lixo é produzido tanto em aglomerações urbanas quanto em zonas rurais.

Composição do lixo

............A composição do lixo é bastante diversificada, sendo definida de acordo com as características de cada município ou comunidade onde é produzido. A localização da cidade, suas atividades industriais, agrícolas e comerciais, além das condições sócio-econômicas da população são alguns dos fatores que determinam as características do lixo de um município.
............Lixo orgânico: É aquele proveniente de quaisquer seres vivos, sejam animais ou vegetais. São facilmente decompostas pela natureza e podem ser reaproveitadas pelo homem. Exemplos: restos de comida, restos de frutas e verduras (caroço de açaí, casca de coco, etc), restos de plantas (folhas, galhos, pedaços de madeira, serragem, etc) e restos de animais.
............Lixo inorgânico: É aquele que resulta de produtos industrializados. São de difícil decompo- sição pela natureza, mas podem ser reciclados pelo homem. Exemplos: vidros, plásticos, papéis, metais, entulhos de construções, restos de tecidos (panos e trapos), materiais inertes (terra, areia, etc).

Classificação do lixo

  • O lixo pode ser classificado em diversas categorias, de acordo com sua origem.
  • – Lixo domiciliar: É todo lixo produzido nas residências.
    – Lixo público: É o lixo proveniente de logradouros públicos, como ruas, praças e feiras.
    – Lixo de serviços de saúde: É aquele produzido por hospitais, unidades de saúde. Laboratório e farmácias.
    – Lixo comercial: É aquele produzido nos estabelecimentos comerciais.
    – Lixo industrial: É aquele produzido nas indústrias, como restos de matérias-primas e de sub- produtos.

    Formas prejudiciais de dispor o lixo

  • Depósito a céu aberto, o lixão
  • ............Caracterizado pela simples descarga do lixo sobre o solo, sem medidas de proteção ao meio ambiente ou à saúde pública, o lixão é uma forma inadequada de disposição final do lixo. Tecnicamente, é o mesmo que depósito de resíduos a céu aberto.
    ............Os lixões são responsáveis por alguns problemas urbanos, como a proliferação de animais transmissores de doenças e o surgimento de catadores de lixo, que muitas vezes moram no local e até mesmo se alimentam de restos de comida.
    ............Quando o lixo é despejado no chão, sem qualquer critério e a céu aberto, torna-se uma série ameaça ao meio ambiente porque provoca alterações nas características do solo. Através do chorume, que é um líquido de cor preta, malcheiroso e de elevado grau poluidor, produzido pela decomposição de matéria orgânica contida no lixo, pode ocorrer poluição dos mananciais subterrâneos de água e conseqüentemente dos superficiais.
    ............Partículas de lixo também são lançadas para a atmosfera, produzindo efeitos danosos ao homem e ao meio ambiente. A poluição do ar causa doenças respiratórias e de pele, inclusive o câncer, que em alguns casos pode ser irreversível.
    ............O lixo acumulado propicia o surgimento de animais transmissores de doença porque oferece, ao mesmo tempo, disponibilidade de água, alimento e abrigo para eles. São seres que podem ser classificados em: macrovetores (ratos, baratas, moscas e animais de porte maior como cães, aves, suínos e eqüinos) e microvetores (vermes, bactérias e fungos).
    ............Estes vetores, ou seja, transmissores de doenças, são responsáveis pelo surgimento de epidemias intestinais, além de outras enfermidades lesivas e até mortais, como a cólera, o tifo, a leptospirose, a pólio, etc.

  • Depósitos em rios, igarapés, córregos e praias
  • ............Quando lançado em córregos, igarapés, rios e praias, o lixo provoca a poluição das águas e leva ao acúmulo de sedimentos nos leitos desses ecossistemas. Além da sujeira, provoca o aumento da temperatura da água, provocando a diminuição da quantidade de oxigênio dissolvido nela. A conseqüência é que fica cada vez mais difícil a vida dos seres que nela habitam, como plantas e peixes. O ciclo vital das espécies é quebrado, prejudicando as comunidades que sobrevivem da pesca.
    ............Tanto nesses locais quanto nos lixões, verifica-se o total descontrole quanto aos tipos de lixo despejados. Há até mesmo lixo originado dos serviços de saúde e indústrias, prejudicando ainda mais o solo, a água e o meio ambiente, porque contém substâncias tóxicas e perigosas.

  • Conseqüências da má disposição do lixo

  • Nas cidades e beiras de estradas:

    - proliferação de vetores de doenças;
    - poluição ambiental e visual, comprometenndo a beleza da cidade;
    - aumento do custo para limpeza e manutençção;
    - obstáculos para o trânsito, provocando aacidentes;
    - perigo para os carros e pedestres com a presença de objetos cortantes.


  • Nas praias, rios, igarapés e córregos:

    - poluição da areia, prejudicando principaalmente as crianças;
    - poluição da água;
    - perigo de acidentes com materiais cortanntes para os freqüentadores;
    - morte da flora e da fauna aquáticas (peiixes e vegetação);
    - prejuízo ao lazer, à pessoa, à alimentaçção e à paisagem natural;
    - comprometimento de sua utilização pelas gerações futuras, etc.

    Alternativas para o tratamento do lixo

    ............Independentemente de suas dimensões ou disponibilidade de recursos, cada município paraense enfrenta hoje o desafio de encontrar soluções para a questão do lixo urbano.
    ............Mas o fato é que não existem soluções prontas ou fórmulas mágicas. O que existe é um conjunto de alternativas a ser analisado e adequado à realidade dos municípios. Cada um deve buscar a solução sob medida para seus problemas.
    ............Esse conjunto de alternativas requer a participação não só do poder público, mas também da população. Começa com o acondicionamento do lixo, passando pela coleta, tratamento e disposição final do mesmo.

  • Serviço de limpeza urbana:
  • ............O lixo geralmente é tratado em locais afastados do seu posto de geração. Para chegar nessas áreas, depende da população e do Poder Público Municipal. A população faz a coleta interna, o acondicionamento e armazenamento dentro das residências, estabelecimentos comerciais, fábricas, etc. A Prefeitura responde pelo chamado serviço de limpeza urbana: a coleta, o transporte, a disposição final e o tratamento desses resíduos.
    ............Um sistema urbano de limpeza sanitariamente adequado e ambientalmente seguro não polui o ar, a água e o solo, nem contamina o meio ambiente. A cidade que dispõe de serviço de limpeza adequado aumenta a qualidade de vida da sua população, através da redução da mortalidade causada por doenças provocadas pelo lixo. Além disso, ganha um aspecto mais bonito.

  • Acondicionamento:
  • ............A limpeza da cidade começa dentro de casa, ou seja, no local onde o lixo é gerado. Por isso, a população deve ser conscientizada da necessidade de acondicionar o lixo em depósitos apropriados para evitar o derramamento e facilitar o seu manuseio na hora da coleta.
    ............O tipo de depósito para acondicionamento do lixo urbano deverá ser definido levando-se em consideração as características do lixo, o volume, a freqüência com que é feita a coleta, o tipo de edificação e o preço do recipiente.


  • Existem dois tipos de recipientes:

    - Recipientes com retorno: aqueless devolvidos após o esvaziamento: devem ser de ferro ou plástico duro, ter tampas e alças e tamanho adequado para facilitar a coleta;
    - Recipientes sem retorno: colocaddos no veículo coletor juntamente com o lixo, sendo os sacos plásticos os mais utilizados.

  • Coleta:
  • ............A coleta do lixo e seu transporte para as áreas de tratamento ou destinação final impedem o desenvolvimento de transmissores de doenças que encontram alimento e abrigo n lixo. A Prefeitura deve atender indistintamente toda a população do Município, assim como fazer a coleta regularmente.
    ............Quando o lixo não é recolhido, a cidade fica com mau aspecto e mau cheiro. Isso costuma incomodar mais diretamente a população, que passa a criticar a administração municipal. As possibilidades de desgaste político são grandes, sendo este mais um motivo para que as prefeituras promovam investimentos no setor de coleta de lixo.


  • Tipos de lixo coletados pela Prefeitura:

    - domiciliar;
    - de estabelecimentos comerciais;
    - de feiras e mercados;
    - industrial, quando não tóxico ou perigosso;
    - de unidades de saúde;
    - animais mortos de pequeno porte;
    - folhas e podas de árvores;
    - entulhos de construções.

  • Transporte:
  • ............No transporte do lixo podem ser utilizados diferentes tipos de veículos, desde os de tração animal até caminhões dotados de carrocerias compactadoras. A escolha depende da natureza e quantidade do lixo, dos custos de operação e manutenção do veículo, da urbanização e pavimento das ruas, das condições de tráfego e, principalmente, da adequação à realidade local.


  • Tipos de veículos coletores:

    - Caminhão com carroceria compactadora: pode ser utilizado em cidades de grande e médio porte que possuem alta ou média densidade populacional e vias com condições favoráveis de tráfego;
    - Caminhão com carroceria basculante: pode ser utilizado em cidades de médio e pequeno porte, onde a população não é concentrada.
    - Carreta rebocada com microtrator:: pode ser utilizada em pequenas comunidades com áreas de difícil acesso e poucos recursos financeiros;
    - Carroça rebocada por motocicleta:: pode ser utilizada em pequenas comunidades com vias de estivas e poucos recursos financeiros;
    - Carroça com tração animal: pode ser utilizada em comunidades rurais com áreas inacessíveis a outros equipamentos e poucos recursos financeiros;
    - Canoa: pode ser utilizada em ciddades ribeirinhas sem acesso a nenhum outro tipo de veículo.

    ............É bom lembrar que existem cidades com áreas de características diferentes, justificando o uso de diversos tipos de equipamentos para a coleta do lixo.

  • Limpeza dos logradouros:
  • ............O serviço de limpeza de logradouros é uma atividade importante para o Município, pois mantém a cidade limpa, minimiza os riscos à saúde pública e previne inundações de ruas pelo entupimento de galerias e ralos.


  • Este serviço compreende:

    - Varrição e coleta de lixo de ruas, praçças e parques;
    - Capinagem e roçagem;
    - Remoção de animais mortos;
    - Remoção de podas de árvores;
    - Remoção de entulhos e materiais volumossos;
    - Limpeza de praias;
    - Limpeza de feiras e mercados;
    - Limpeza de bocas de lobo, galerias e cóórregos;
    - Limpeza de monumentos;
    - Limpeza de valas e canais;
    - Combate a transmissores de doenças.

  • Tratamento:
  • ............Após a coleta, o correto tratamento do lixo previne e impede o desenvolvimento de seres vivos transmissores de doenças, como ratos, baratas, moscas e mosquitos, que indiretamente poluem e contaminam o meio ambiente e o próprio homem.
    ............Existem várias formas de tratar o lixo. Pode ser o aterro sanitário, a reciclagem, a compostagem ou a incineração. O melhor sistema para cada município deve ser avaliado de acordo com as condições financeiras da Prefeitura e as características do lixo local.

    Formas de tratar o lixo

  • Aterro sanitário:
  • ............Aterro sanitário é a forma de disposição final do lixo urbano no solo, seguindo normas específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e minimizando os impactos ambientais.
    ............O lixo é disposto em camadas cobertas com material inerte, geralmente solo. Além disso são construídos sistemas de drenagem e tratamento para os gases e os líquidos (chorume) produzidos pelo lixo.
    ............O aterro sanitário evita riscos ambientais e possibilita o reaproveitamento da área no futuro. Para a maioria dos municípios paraenses, apresenta-se como uma interessante opção de destinação final do lixo.
    ............Qualquer processo de tratamento do lixo, entretanto, necessita de um local para disposição final dos refugos e sobras do mesmo, um local onde possam ser descartados de forma apropriada.

  • Reciclagem:
  • ............Reciclagem é o resultado de uma série de atividades através das quais materiais que se tornariam lixo, ou estão no lixo, são reaproveitados como matéria-prima na manufatura de bens.
    ............A reciclagem não deve ser vista como a principal solução para o lixo, mas como umas das alternativas para o problema, pois nem todos os materiais que compõem o lixo podem ser reciclados. São recicláveis alguns tipos de papel, o plástico, o vidro, o metal, o entulho, etc.
    ............Antes de decidir pela implantação de um programa de reciclagem, a Prefeitura deve verificar se existe no Município, ou nas proximidades, formas de escoamento desses materiais (venda ou doação). A análise do mercado indicará quais produtos do lixo podem ser reciclados. De nada adianta reciclar, se não houver demanda para o reaproveitamento dos materiais.


  • Vantagens da reciclagem:

    - Diminuição da quantidade de lixo a ser aterrado;
    - Aumento da vida útil do aterro;
    - Preservação dos recursos naturais;
    - Economia de energia;
    - Diminuição da poluição do ar e das águaas;
    - Geração de empregos, através da criaçãoo de indústrias recicladoras.

  • Compostagem:
  • ............Compostagem é o processo biológico de decomposição da matéria orgânica contida em restos de origem animal ou vegetal (sobras de comidas, frutas, verduras, etc). Este processo tem como resultado final um composto orgânico que pode ser utilizado como recondicionante do solo, adubo na agricultura e jardinagem, sem ocasionar riscos ao meio ambiente. A compostagem é importante porque em alguns municípios a matéria orgânica contida no lixo chega a ser superior a 60%.
    ............As usinas de compostagem podem ser também artesanais, sendo indicadas para o tratamento do lixo nos municípios paraenses, principalmente quando conjugadas com a coleta seletiva.


  • Vantagens da compostagem:

    - Economia do aterro;
    - Aproveitamento agrícola da matéria orgâânica;
    - processo ambientalmente seguro;
    - Eliminação de patógenos.

  • Incineração:
  • ............Incineração é o processo de queima controlada do lixo em fornos projetados para transformá-lo em material inerte. Este tipo de tratamento é recomendado, sobretudo, para o lixo perigoso, como o produzido pelos serviços de saúde.


  • Vantagens da incineração:

    - Redução drástica do volume a ser aterraado;
    - Redução do impacto ambiental;
    - Eliminação de agentes patogênicos e subbstâncias tóxicas;
    - Produção de energia.


  • Desvantagens da incineração:

    - Alto custo de instalação e manutenção;
    - Exigência de mão-de-obra qualificada.

    Educação ambiental

    ............A educação ambiental é um processo permanente no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, valores, habilidades, experiências e determinação, tornando-se aptos a agir, individual e coletivamente, e resolver problemas ambientais presentes e futuros.


  • Entre as características fundamentais da educação ambiental, destacam-se:

    - o enfoque orientado à solução de probleemas concretos da comunidade;
    - o enfoque interdisciplinar dos problemaas do meio ambiente;
    - a participação da comunidade;
    - o caráter permanente, orientado para o futuro.

    ............Como a participação da população é ponto fundamental para o sucesso de qualquer programa de combate ao lixo a ser implantado pela Prefeitura, devem ser feitas campanhas de educação ambiental, desencadeadas em parceria com as instituições locais: escolas, igrejas, centros comunitários, etc.

  • Como colaborar:

  • Veja como a população pode contribuir para que o problema do lixo seja resolvido ou minimizado em seu município:

    - Reduzindo a quantidade de lixo, reaprovveitando o que for possível;
    - Separando o lixo que pode ser recicladoo através da coleta seletiva;
    - Cumprindo os dias e horários da coleta domiciliar;
    - Não jogando lixo nas ruas, praças, jarddins, etc.
    - Não jogando lixo nas margens ou leito ddos rios, lagos e igarapés;
    - Cobrando ações da prefeitura, mas fazenndo também a sua parte.

  • Campanha educativa:
  • ............Para que a população participe ativamente das ações propostas para minimizar os problemas gerados pelo lixo, é imprescindível que a prefeitura e entidades envolvidas façam uma boa divulgação. Devem ser usados os meios de comunicação locais, como jornais, rádios, carros de som, faixas e outros mecanismos para difusão de informações e planos. A campanha educativa pode ser completada com a promoção de seminários, conferências e palestras.
    ............Esclarecida e sensibilizada, a população se tornará a principal aliada da prefeitura na implantação do programa elaborado. Desta forma, a gestão ambiental passa a ser, de fato, um compromisso de toda a coletividade.

    Por onde começar

    ............Para implantar um programa que minimize os impactos negativos causados pelo lixo urbano, a prefeitura deve, primeiramente, conhecer a extensão do problema e caracterizar corretamente o lixo do município. O primeiro passo é fazer, portanto, uma pesquisa detalhada sobre o mesmo.

  • Proposta de roteiro:
  • - Determinar a quantidade de lixo gerado ppor habitante num período de tempo especificado (taxa de geração por habitantes);
    - Determinar as porcentagens dos vários coomponentes do lixo, como papel, vidro, matéria orgânica, etc (composição física);
    - Determinar a quantidade de matéria orgânnica do lixo (teor de matéria orgânica);
    - Efetuar o balanço de massa contida no liixo;
    - Determinar a quantidade de água contida na massa do lixo;
    - Determinar o peso específico;
    - Determinar a composição química do lixo;;
    - Verificar a existência do terreno disponnível para servir como área de destino final;
    - Realizar pesquisa de mercado, no próprioo município ou nos municípios próximos, quanto ao consumo de materiais reciclados;
    - Definir a quantidade de recursos financeeiros que a prefeitura poderá dispor para implantação do projeto;
    - Levantar o tipo de serviço que atualmentte é feito no município.

    ............Depois de concluído o levantamento, deve ser feito um exame cauteloso da informações coletadas. Com a ajuda de técnicos da SECTAM ou técnicos contratados para este fim, a prefeitura deve avaliar, dentro do conjunto das alternativas, qual é a proposta que melhor se aplica à realidade do município. Só assim poderá montar a solução sob medida para o caso de determinada cidade.

    C o n c l u s ã o

    ............Encontrar soluções para os problemas gerados pelo lixo urbano constitui-se hoje num grande desafio. Os efeitos do acúmulo de lixo para o meio ambiente e a saúde da população têm levado a situações muitas vezes irreversíveis, através da contaminação ambiental e do alto índice de mortalidade infantil registrado nos municípios paraenses.
    ............Cada município deve buscar o modelo de gerenciamento mais adequado às suas características, sempre pensando de forma integrada. As soluções não podem ser tomadas isoladamente, mas como um conjunto de alternativas que, somadas, resultarão na superação do problema.
    ............Gerenciar o lixo de forma integrada significa limpar o município com um sistema de coleta e transporte adequados, tratar o lixo utilizando as tecnologias mais compatíveis com a realidade local e dar-lhe um destino final ambientalmente seguro. Não se pode esquecer também a importância da educação ambiental.
    ............Se não houver a participação efetiva da população neste processo, qualquer alternativa se tornará inviável, mesmo as melhores do ponto de vista técnico e financeiro. De nada adiante, por exemplo, utilizar o melhor sistema de coleta e transporte do lixo, se a população não respeitar os horários e não acondicioná-lo de forma correta.
    ............Limpar a cidade é obrigação da prefeitura, mas mantê-la limpa só será possível com a colaboração da comunidade.

    Fonte: Manual da SECTAM, série Saneamento ambiental nº 1,
    sob o título: Lixo – este problema tem solução – Belém, 1997.

    quinta-feira, 28 de agosto de 2014

    Ecologia Industrial: conceito



    Até meados dos anos 1950, concebia-se o sistema produtivo separado do meio ambiente, portanto, os problemas ambientais situavam-se fora das fronteiras do sistema industrial. Sob esse ponto de vista, os estudos se focalizavam nas conseqüências da poluição na natureza e seus impactos ambientais, não, nas causas. Atualmente esta forma de encarar o problema é chamada de “tratamento de final de tubo” (em inglês, end-of-pipe) (ERKMAN, 1997).
    O termo Bolsa de Resíduo busca o mesmo ideal que a Ecologia Industrial, a qual é definida por Araujo et al. (2003) de várias formas:
    1. É uma metodologia sistêmica, abrangente, que possui uma visão integrada de todos os componentes do sistema industrial e seus relacionamentos com a biosfera;
    2. Enfatiza o substrato biofísico das atividades humanas, isto é, os complexos padrões do fluxo de material dentro e fora do sistema industrial, em contraste com a abordagem atual, que considera a economia em termos de unidades monetárias abstratas;
    3. Considera a formação de parques industrias (eco-redes) como um aspecto chave para viabilizar o ecossistema industrial;
    4. Leva em conta os limites da capacidade de carga do planeta e da região;
    5. Induz o projeto e a operação, a modelar-se como as atividades dos sistemas biológicos (mimetismo), otimizando o ciclo de materiais de forma a aproximar-se de um ciclo fechado, utilizando fontes de energia renováveis e conservando materiais não renováveis.
    Assim como a Bolsa de Resíduos preconiza (FONSECA, 2002), a Ecologia Industrial estuda os fluxos de matéria e energia dentro e fora da indústria, busca uma forma de fabricação de produtos onde não há (ou é mínima) a produção de resíduos, uma vez que os materiais que não são aproveitados no próprio processo ou indústria passam a ser insumo de outros. A figura 3.1 mostra a otimização dos fluxos de materiais/energia devida à formação da rede. Os fluxos de produto não estão representados na figura, mas somente aqueles que caracterizam uma eco-rede (ARAUJO et al., 2003).
    FONTE: ESTUDO DA VIABILIDADE DA IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA DE BOLSA DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS NO MUNICÍPIO DE CAMPO GRANDE – MS por Daniel de Castro Jorge Silva – Trabalho de Conclusão de Curso submetido ao Curso de Graduação em Engenharia Ambiental da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – 2008

    sexta-feira, 1 de agosto de 2014

    9 soluções para o lixo

    Conheça as tecnologias que permitem transformar o que seria jogado fora em fonte de energia, combustível para carros e até de metais preciosos. São ideias que valem ouro

    por Priscilla Santos | Ilustrações: Samuel Rodrigues
    Editora Globo
    Foto: Felipe Gombossy/Editora Globo
     A cada ano, 1,3 bilhão de toneladas de lixo são produzidas em cidades do mundo todo. Essa quantidade ainda deve dobrar. De acordo com o Programa da ONU para o Meio Ambiente (Pnuma), em 2025 o número chegará aos 2,2 bilhões, colocando-nos em uma espécie de crise global de lixo em que o principal vilão é a má gestão por parte dos governos.
    No Brasil, o Plano Nacional de Resíduos Sólidos determina que, até 2014, todos os lixões sejam extintos no país. “Acho a meta positiva, mas não acredito que será tão rápido”, afirma Jorge Hargrave, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que divulgou em outubro um mapeamento da gestão de resíduos. Os resultados mostram que, embora a quantidade de lixo levada para aterros sanitários tenha crescido 120% nos últimos anos, a maior parte ainda é despejada nos lixões e aterros controlados (entenda as diferenças ao lado), gerando de problemas de saúde pública e poluição atmosférica até questões de transporte. “Na Amazônia, alguns aeroportos fecham durante o dia, pois não há teto para decolagem e pouso, tamanha a quantidade de urubus atraídos por lixões”, afirma Luciano Basto, especialista em planejamento energético e professor de pós-graduação em engenharia na UFRJ.

    Mas o que é problema pode se tornar solução. “Temos a oportunidade de converter os resíduos em combustível, dinamizando a economia interna e gerando postos de trabalho”, diz Basto. Os projetos de aproveitamento do lixo para geração de eletricidade já têm seus representantes no Brasil. Mundo afora, soluções ultratecnológicas já são aplicadas. Transformar plástico usado em petróleo, usar cerveja vencida para acelerar a formação de gases e extrair ouro puro de celulares velhos são algumas das alternativas hi-tech que você conhece a seguir.


    Editora Globo 1) Aterro Hi-tech
    Cerveja para as bactérias
    Quando restos de comida, papel, folhas de árvore ou qualquer outro tipo de matéria orgânica vai para os aterros, com o tempo, se decompõem. Mas esse prazo pode ser mais longo do que se pensava. Um estudo da Universidade do Arizona encontrou bifes de 15 anos de idade intactos e jornais de 30 anos ainda legíveis. O que não é nada positivo quando a ideia é aproveitar o metano que resulta da decomposição.

    Pensando nisso, a Waste Management, maior companhia americana de gestão de resíduos, investiu em um método que consiste em instalar um encanamento no solo dos aterros e fazer circular ar nas camadas superiores e um líquido que mistura cerveja e refrigerantes vencidos nas inferiores. O ar ajuda a degradar o material orgânico das superfícies e acelera a produção de metano abaixo. Com o processo, a geração de gás tornou-se quatro vezes mais rápida e os resíduos acumulados diminuíram em 35%, aumentando a vida útil do aterro.

    A produção de energia a partir do lixo é um dos principais focos da companhia, que estimou que as 112 milhões de toneladas de resíduos que jogou fora em 2011 teriam gerado mais de US$ 40 bilhões se tivessem sido convertidas em eletricidade.

    Editora Globo 2) Crédito de Carbono
    Dando o maior gás
    Uma das maneiras mais básicas de se aproveitar o metano produzido em aterros é esperar o tempo natural para a maior parte dos detritos se decompor (20 anos) e, ao final do processo, recolher o gás e queimá-lo para geração de eletricidade. Pode não ser a forma mais eficiente — muitas vezes, a captura acontece quando o aterro se fecha —, mas ao menos se evita a dispersão de um gás com poder de efeito estufa 23 vezes maior do que o CO2.

    A técnica vem sendo aplicada em cerca de 35 aterros brasileiros. O pioneiro é o NovaGerar, de Nova Iguaçu (RJ), que iniciou um projeto nesses moldes em 2004 e se tornou o primeiro aterro do mundo a vender créditos de carbono — pelo Protocolo de Kyoto, quando se deixa de poluir em países em desenvolvimento, é possível comercializar esse “crédito” para países ricos.

    Depois, vieram projetos maiores, como os dos aterros São João e Bandeirantes, na cidade de São Paulo, que juntos respondiam por quase um quarto das emissões de gases de efeito estufa da capital. A captura do gás passou a gerar energia suficiente para o consumo de 800 mil pessoas. Os créditos de carbono do projeto foram negociados por R$ 140 milhões, metade ficou para as empresas privadas que bancaram o projeto e a outra metade para a prefeitura de São Paulo, que não teve custo nenhum e ainda fez bonito.

    3) Biodigestão
    Carro movido a lixo
    Abastecer o carro com lixo não é mais coisa do filme De Volta para o Futuro, mas do presente. Em Estocolmo, na Suécia, metade da frota de ônibus municipal circula com combustível gerado a partir do lixo orgânico e esgoto. Essa poderia ser uma boa oportunidade por aqui. “O lixo brasileiro é de país subdesenvolvido, a maior parte é resto de comida”, afirma Luciano Basto. Do total dos resíduos gerados, 51% são matéria orgânica e apenas 1,6% passa pela compostagem para virar adubo.

    A proposta é encaminhar essa montanha de lixo não para aterros, mas para biodigestores, usinas com enormes tanques cheios de bactérias famintas. “Os orgânicos são a dieta preferida delas, o que acelera o processo de decomposição dos resíduos e aumenta a produção de gás”, diz Basto.
    Ao final de 18 dias, já se teria o biogás (mistura de metano, CO2 e água, entre outros componentes). Depois de tratado, o composto poderia atingir uma concentração de metano de até 99%, mais do que os 96% exigidos pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) para ser usado como combustível para veículos. Assim, o produto poderia ser colocado diretamente no tanque de carros, além de substituir o diesel em frotas de caminhões e ônibus. “Vale mais a pena do que queimar o gás. No Brasil, a eletricidade gerada pelo lixo é cara se comparada às outras fontes que temos, mas o gás é barato frente ao diesel e à gasolina.”

    Editora Globo
    4) Incineração/Gaseificação
    Bota fogo
    A Holanda é um país-exemplo no tratamento de resíduos sólidos. Recicla 80% deles e só joga 4% em aterros. Os outros 16% são queimados e geram eletricidade. “Quando se fala em grandes volumes de resíduo, a tecnologia mais madura é a incineração”, afirma o engenheiro mecânico e doutor pelo MIT Josmar Pagliuso. Nesse caso, se aproveita o calor da combustão para gerar vapor d'água que movimenta as turbinas de um gerador.

    Apesar de difundida no Japão e em países como Suíça e Alemanha, a incineração gera polêmica por se acreditar que não seria possível controlar totalmente a emissão de dioxinas e furanos, componentes altamente tóxicos. Pagliuso argumenta que a quantidade dissipada é tão pequena que seria difícil encontrar um laboratório capaz de medi-la. "Eu não estaria desconfortável ao lado de um incinerador que funcionasse com tecnologias modernas”, diz. Isso quer dizer um processo de limpeza de alta capacidade. “Mas precisaria de tantos filtros que se inviabilizaria”, afirma Jorge Hargrave, do Ipea. Na Alemanha, as plantas de incineração custaram tanto que foi preciso passar a importar lixo da Itália para fazer o investimento valer.

    Uma alternativa que vem se desenvolvendo é a gaseificação do lixo que gera gases como monóxido de carbono e hidrogênio, de poder combustível. Aí sim, eles são queimados para gerar eletricidade. “O aproveitamento de energia sobe de 25% a 40% em relação à incineração. E você filtra o gás antes de queimar”, diz Pagliuso. Assim, as emissões finais praticamente não requerem tratamento. “É um processo mais complicado, porém mais limpo.”

    5) Fábrica de Petróleo
    Caminho de volta
    Para se fabricar plástico, primeiro se extrai petróleo, sua principal matéria-prima. A Agilyx, empresa sediada em Oregon, nos EUA, levou essa lógica ao revés e está tirando petróleo de plástico — evitando as operações complexas e poluentes para se conseguir o material fóssil em alto- mar. No processo, todo tipo de plástico — inclusive o que estiver sujo, contaminado ou engordurado — é aquecido até a forma gasosa, depois passa para um sistema central de condensação. Dali, já sai o óleo cru, como é chamado o petróleo bruto. A usina tem capacidade de converter 10 toneladas de plástico em 2.400 galões de petróleo a cada dia. E não concorre com a reciclagem, uma vez que só utiliza material que iria parar de qualquer maneira no aterro por ser difícil de ser reaproveitado.
    Editora Globo

    6) Usina de açúcar
    Perfume no ar
    A ideia de fazer produtos cheirosos com insumos que vêm do lixo não parece boa. Mas é uma das sugestões da startup americana Renmatix. A empresa transforma sobras de madeira em um tipo de açúcar que pode substituir o petróleo na fabricação de combustíveis, plásticos e embalagens, ou químicos de alto valor agregado, como os usados em perfumes. A companhia usa água em alta pressão e temperatura para dissolver a celulose presente em materiais orgânicos. O açúcar que resulta do processo pode ser fermentado para produzir etanol e outros químicos. Recentemente a empresa recebeu um investimento de US$ 75 milhões para testar a técnica com resíduos urbanos, como papel, papelão e entulhos. Se funcionar, pela primeira vez teremos cheiro bom vindo do lixo. A ideia de fazer produtos cheirosos com insumos que vêm do lixo não parece boa. Mas é uma das sugestões da startup americana Renmatix. A empresa transforma sobras de madeira em um tipo de açúcar que pode substituir o petróleo na fabricação de combustíveis, plásticos e embalagens, ou químicos de alto valor agregado, como os usados em perfumes. A companhia usa água em alta pressão e temperatura para dissolver a celulose presente em materiais orgânicos. O açúcar que resulta do processo pode ser fermentado para produzir etanol e outros químicos. Recentemente a empresa recebeu um investimento de US$ 75 milhões para testar a técnica com resíduos urbanos, como papel, papelão e entulhos. Se funcionar, pela primeira vez teremos cheiro bom vindo do lixo.

    7) Plasma
    Digno de estrelas
    Lixo hospitalar, metais pesados e outros contaminantes podem virar pó — ou melhor, grãos —, embalados em vidros e usados na fabricação de asfalto, não oferecendo mais riscos à saúde e meio ambiente. Essa seria a grande vantagem da tecnologia de plasma, já aplicada em plantas das Forças Aéreas americanas, além de aterros que recebem lixo urbano nos EUA, França e Japão.

    O plasma — espécie de gás carregado de eletricidade considerado o quarto estado da matéria, que compõe as estrelas — é usado para degradar materiais que resistem a uma primeira etapa de gaseificação. A temperatura no tanque onde ficam as tochas com plasma chega aos 9.000 ºC. “Vale a pena para lixo tóxico e em pequenas quantidades porque o processo demanda muita energia elétrica”, afirma Pagliuso. Mesmo gerando eletricidade, ela não seria suficiente para dar conta do funcionamento da máquina.
    Editora Globo
    8) Reciclagem

    segunda-feira, 14 de julho de 2014

    Lixo que te quero longe


    por André Trigueiro*
    shutterstock lixocapa 287x300 Lixo que te quero longe
    Foto: shutterstock

    É atávica e ancestral a rejeição que temos ao lixo e aos excrementos.
    Uma herança do reino animal, onde o instinto de sobrevivência parece soar um alarme toda vez que nos aproximamos de algo que ameaça nossa saúde e integridade.
    É natural que seja assim.
    Ainda que tantos seres humanos ainda vivam perigosamente em áreas saturadas de lixo e esgoto – não por opção, que fique claro – esta é uma aberração que afronta a civilização e deveria constranger os governantes.
    A paralisação dos garis no Rio de Janeiro durante o carnaval expõe várias questões que extrapolam a tumultuada negociação por melhores salários de uma categoria historicamente mal remunerada e alvo de preconceitos em todo o país.
    Pode-se dizer que o não recolhimento dos resíduos por alguns poucos dias na segunda maior cidade do Brasil inspira várias reflexões importantes e oportunas para todos nós
    Será que apenas os garis têm a nobre função de zelar pela limpeza pública? De que maneira tanto lixo foi parar nas ruas? Qual a nossa responsabilidade nessa história?
    A Política Nacional de Resíduos Sólidos, regulamentada em 2010 e com plena implementação prevista para este ano, estabelece que essa responsabilidade é compartilhada, ou seja, começa com a indústria que gera o produto (no caso do carnaval, boa parte dos resíduos encontrada nas ruas foi de material de propaganda, embalagens e latinhas dos patrocinadores do evento), alcança o varejista que comercializa o produto, o consumidor que faz uso do produto e a Prefeitura (a quem cabe institucionalmente a função de organizar as rotinas da coleta/transporte e destinação final do lixo). Em resumo: o gari é fundamental, mas não está sozinho nessa história.
    Já reparou que greve de gari costuma durar menos do que as paralisações de médicos, professores e outras categorias profissionais? A razão é simples: ninguém suporta tanto lixo acumulado nas ruas. O nível de impaciência é proporcional ao desconforto causado pelos fortes odores, pelo volume de moscas, baratas e ratos, e materiais de diferentes tamanhos e consistências espalhados pelo vento ou pela chuva.
    Infelizmente, é forçoso reconhecer que só quando os garis cruzam os braços a cidade se dá conta compulsoriamente do espetacular volume de lixo que gera todos os dias. Tangibiliza-se o que parecia invisível. Valoriza-se o que parecia desimportante. Enquanto o lixo é coletado e levado para longe, todos nos refugiamos nos efeitos inebriantes de uma cidade onde a montanha de resíduos (no caso do Rio de Janeiro são aproximadamente 10 mil toneladas de lixo por dia) não é uma questão relevante. Quando interrompe-se a coleta (pelo motivo que for) aquele alarme ancestral soa alto o suficiente para gerar imensa repulsa. Para uma cidade como o Rio de Janeiro onde tantos ainda jogam lixo displicentemente nas ruas, onde o desperdício de materiais é acintoso, onde a taxa de coleta seletiva é medíocre, onde o consumismo é voraz, a percepção do resultado de tudo isso é (ou deveria ser) pedagógica.
    * André Trigueiro é jornalista com pós-graduação em Gestão Ambiental pela Coppe-UFRJ onde hoje leciona a disciplina geopolítica ambiental, professor e criador do curso de Jornalismo Ambiental da PUC-RJ, autor do livro Mundo Sustentável – Abrindo Espaço na Mídia para um Planeta em Transformação, coordenador editorial e um dos autores dos livros Meio Ambiente no Século XXI, e Espiritismo e Ecologia, lançado na Bienal Internacional do Livro, no Rio de Janeiro, pela Editora FEB, em 2009. É apresentador do Jornal das Dez e editor chefe do programa Cidades e Soluções, da Globo News. É também comentarista da Rádio CBN e colaborador voluntário da Rádio Rio de Janeiro.
    ** Publicado originalmente no site Mundo Sustentável.

    segunda-feira, 9 de junho de 2014

    Lixo eletrônico: o que fazer após o término da vida útil dos seus aparelhos?

    Quando falamos em lixo eletrônico, a primeira coisa que vem à mente são aqueles incômodos spams que ocupam espaço na caixa de email, trazendo vírus e corrompendo o seu computador. Porém, não é deste lixo que estamos nos referindo.
    Os resíduos eletrônicos, também denominados de e-lixo (e-waste em inglês) são os vilões do momento. Eles nada mais são do que artigos eletrônicos que não podem mais ser reaproveitados, como computadores, celulares, notebook, câmeras digitais, MP3 player, entre outros. São considerados lixos eletrônicos também artigos elétricos de casa, como geladeiras, microondas e o que mais você usar em casa que, descartados, podem poluir o planeta.
    Quando você troca seu equipamento eletroeletrônico, saiba que ele poderá prejudicar o meio ambiente. Estes equipamentos são produzidos com substâncias nocivas, e uma vez descartados de forma incorreta em locais pouco apropriados como lixões e perto de lençóis freáticos tornam-se problemas ainda maiores.
    Números que impressionam
    Para se ter uma ideia, os resíduos eletrônicos já representam 5% de todo o lixo produzido pela humanidade. Isso quer dizer que 50 milhões de toneladas são jogadas fora todos os anos pela população do mundo.
    Província de Guiyu, China
    O Brasil produz 2,6Kg de lixo eletrônico por habitante, o equivalente a menos de 1% da produção mundial de resíduos do mundo, porém, a indústria eletrônica continua em expansão. Até 2012 espera-se que o número de computadores existentes no país dobre e chegue a 100 milhões de unidades.
    Deste total, 40% se encontram na forma de eletrodomésticos. Aqui no Brasil são fabricados por ano 10 milhões de computadores, e quase nada está sendo reciclado. Apenas de celulares e as baterias que são fabricadas através de componentes tóxicos, são 150 milhões.
    Entrarão no mercado anualmente mais 80 milhões de celulares, mas somente 2% serão descartados de forma correta. Os outros 98% serão simplesmente guardados em casa ou despejados no lixo comum, criando ainda mais impacto ambiental.
    Rapidez na troca de equipamentos
    A vida moderna está cada vez mais veloz, e as novidades que antes demoravam anos para chegar ao Brasil, atualmente podem ser conhecidas em tempo real. Os lançamentos são mundiais e cada vez mais há novos produtos sendo oferecidos no mercado.
    o MIni Mac verde da AppleO usuário médio de computadores nos Estados Unidos, por exemplo, troca seus equipamentos eletrônicos a cada 18 a 24 meses. Isso quer dizer que o usuário não mantém seu companheiro de escrivaninha por mais de dois anos. E com isso, dá-lhe lixo nas lixeiras.
    Além disso, muito dos materiais utilizados no computador devem ser retirados da natureza, iniciando já na extração o impacto sobre o meio ambiente. Isso faz com que cada vez mais seja necessário trabalhar com a reciclagem. Cada computador utiliza materiais diversos que podem ser reciclados.
    Componentes do computador
    Componentes do Computador
    Um computador mediano é feito de elementos básicos, conhecidos de todos, como plásticos e metais, mas também de componentes extremamente danosos à saúde, como chumbo, cádmio, belírio, mercúrio, etc.
    O mercúrio, muito utilizado em computadores, monitores e TVs de tela plana, pode causar danos cerebrais e ao fígado. Já o chumbo, o componente mais usado em computadores, além de televisores e celulares pode causar náuseas, perda de coordenação e memória. Em casos mais graves, pode levar ao coma e, consequentemente, à morte.
    A lista não pára por aí. Até produtos utilizados apenas para a prevenção de incêndios pelo computador, como o BRT, pode causar disfunções hormonais, reprodutivas e nervosas.
    A partir do momento em que estes elementos tóxicos são enviados para lixões e contaminam tanto o solo como a água, todos aqueles que se utilizam dessas fontes será contaminado pelos detritos.
    Não existe um computador sem produtos nocivos à saúde e somente o processo de retirada dos produtos da natureza já atinge o meio ambiente, seja por causa do transporte, do uso de água para a fabricação de componentes, etc.
    Portanto, se a reciclagem prevenir qualquer uma das etapas da fabricação ou a contaminação do solo e da água, já é um ganho para a natureza.
    O PC verde
    A Apple anunciou em março deste ano uma nova geração de computadores iMac e Mac Mini. Segundo a empresa, as novidades teriam sido desenvolvidas tendo o meio ambiente como foco.
    Os computadores “verdes” seguiriam os padrões de baixo consumo e energia, além de matéria-prima sem alguns componentes nocivos à saúde. De acordo com a Apple, estes novos eletrônicos se valem de materiais que podem ser facilmente reciclados.
    O Greenpeace, uma ONG que lida com questões ambientais, criou um ranking contendo vários pré-requisitos para as empresas serem consideradas “verdes”, ou seja, empresas que adotam medidas para a preservação do meio ambiente em sua linha de produção, venda e reciclagem.
    A Apple está em uma posição ruim (de zero a 10, tem a pontuação de 4,8), porém pode melhorar se mantiver como foco produtos que não agridem tanto a natureza. O último colocado é a Nintendo, com uma média de um ponto, e o primeiro colocado é a empresa Nokia, com quase oito pontos.
    Tabela do Greenpeace das Empresas
    Convenção de Basiléia
    A Convenção de Basiléia (The Basel Convention on the Control of Transboundary Movements of Hazardous Wastes and their Disposal) é um tratado internacional firmado em 1989, com um nome para lá de bonito, que tem como objetivo fiscalizar o tráfico de lixo eletrônico no mundo.
    O transporte de lixo é uma preocupação desde os anos 80, quando se teve o grande estouro dos eletroeletrônicos, e o envio para países em desenvolvimento de peças que não podiam mais ser utilizadas alcançou níveis preocupantes (porém nada comparado com o problema atual).
    Participantes que retificaram a Convenção de Basiléia
    Este lixo é enviado principalmente para os países asiáticos, e acaba sendo reciclado por uma mão-de-obra barata e pouco especializada. A Basel Action Network (BAN), uma organização sem fins lucrativos que também fiscaliza o fluxo de lixo tóxico no mundo dispõe em seu website fotografias da cidade com o maior número de estações de reciclagem: em Guiyu, China, em março de 2009, dezembro de 2001 e em Laos, na Nigéria.
    A ONG e-Waste também disponibiliza imagens sobre o lixo eletrônico, com fotografias de vários países, inclusive do Brasil. Através dessas imagens é possível observar o tamanho do problema da reciclagem de materiais eletroeletrônicos e como a má disposição dos mesmos pode prejudicar o meio ambiente.
    Se quiser saber mais sobre o tratado, o Programa Ambiental das Nações Unidas preparou um relatório (em inglês) com os gráficos e discussão sobre a Convenção de Basiléia.
    Lei de São Paulo
    Em julho de 2009, o Governador José Serra sancionou a Lei 13.576/09 para estabelecer regras para a reciclagem dos componentes eletroeletrônicos. A lei não foi aprovada na sua totalidade, pois algumas cláusulas poderiam criar empecilhos para as empresas, que acabariam migrando para outros estados do país.
    Agora é preciso acompanhar e conferir se a lei irá funcionar ou não, e utilizá-la como modelo para uma lei federal, que ainda não existe. Através de uma lei que abrangesse todo o país, as empresas teriam que se responsabilizar pelos seus produtos durante toda a vida útil do aparelho.
    Com isso, o usuário teria ainda mais pontos de coleta de equipamentos, poderia cobrar por melhores serviços e a reciclagem ficaria garantida, tornando em longo prazo o produto mais barato para o consumidor final.
    Lixo na ChinaA União Européia, cansada de esperar por medidas mundiais para a prevenção e reciclagem do lixo eletrônico, já começa a aprovar leis que seguem a Convenção de Basiléia e proíbe os casos de exportação de lixo perigoso para países em desenvolvimento. A UE ainda prepara regras que incluem a responsabilização das empresas pelo ciclo todo de seu produto.
    Com isso, empresas que vendem produtos para os 25 países participantes da União Européia lidarão com o lixo através de medidas privadas, e serão responsabilizadas caso o acordo não seja cumprido.
    Nos Estados Unidos, a briga sobre a reciclagem de material tem como base os custos para se adaptar à reciclagem, que demandaria mais dinheiro e não seria viável. Os EUA, inclusive, foram os únicos a não ratificar a Convenção de Basiléia. Porém, acabaram tornando-se voto vencido, e terão que se adaptar às regras para o envio de lixo eletrônico a outros países para “reciclagem”.
    No Brasil, a Universidade de São Paulo (USP) lançou neste ano o primeiro centro de reciclagem focado apenas no lixo eletrônico. A princípio serão reciclados apenas equipamentos da própria universidade, mas em longo prazo o objetivo é abrir o centro para toda a população. O custo inicial é alto, porém pode ser recuperado ao se reciclar uma média de 500 computadores por mês.
    Este número de computadores por mês não é tal elevado, tendo em vista que o Brasil baterá recordes de venda e produção de eletroeletrônicos, e cada item comprado será o substituto de outro, mais obsoleto.
    Onde Reciclar
    Mas tudo isso é para dizer que é preciso reciclar os aparelhos eletrônicos que não serão mais utilizados. Existem várias empresas que lidam com a reciclagem destes materiais, ou é possível fazer doações para organizações que trabalham com a inclusão digital.
    Para celulares, procure sempre as revendedoras de sua operadora, para que as baterias possam ser devolvidas às empresas fabricantes, sendo despejadas em locais seguros. Para pilhas, procure os locais de coleta seletiva da sua cidade, e não as jogue no lixo comum.
    Os eletrodomésticos podem ser doados para pessoas carentes ou locais em que as peças possam ser reutilizadas para arrumar outros aparelhos com defeito. É preciso ter em mente que muitas pessoas podem precisar daquilo que para nós é considerado obsoleto.
    O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) lista as principais empresas de informática e celulares, e onde os aparelhos das marcas determinadas podem ser descartados.
    A ONG Lixo Eletrônico também dá aos usuários uma lista de locais onde pode ser feita a doação de artigos para a reciclagem dos resíduos eletrônicos
    Para doar seu computador para que ele faça parte de programas de inclusão digital, você pode procurar a CDI. Para isso é necessário que o seu PC tenha alguns requisitos básicos, para que possa ser reutilizado por crianças e comunidades carentes.
    Pilhas para reciclagemUma dica para reciclar seu computador da melhor forma possível, caso não haja condições do mesmo ser reutilizado é dividir e desmontar o PC. Através disso você poderá separar os componentes de metal e plástico, fazendo com que ambos tenham um destino correto.
    O que acontece é que as empresas de reciclagem normalmente são especializadas, ou seja, só reciclam plásticos ou metais, não os dois juntos. Sendo assim, separar se torna uma boa alternativa para aproveitar o máximo do seu computador velho de guerra.