terça-feira, 26 de março de 2013

Embalagens sustentáveis vão além da capacidade de reciclar


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Uma ideia do Unplug Design, no qual a embalagem vira uma bola
Foto: Divulgação
Apesar de pouco importantes para muita gente, as embalagens são grandes vilãs da natureza. A produção, utilização e descarte delas implicam em impactos ambientais, visto que a embalagem, ao final de seu processo de consumo, inevitavelmente acaba como lixo urbano.  A questão é: existem maneiras possíveis de torná-la sustentavelmente bem sucedida, seja pelo uso de materiais, seja pelo processo de fabricação ou pelo seu consumo consciente?
Segundo a designer Babi Tubelo, os materiais, a logística e a reciclabilidade estão entre as principais ferramentas a caminho de um design de embalagem visando a ecologia ambiental, imprescindível no mundo moderno. Quanto mais diversidade de material em uma mesma embalagem, mais será seu impacto para o meio ambiente. Já o uso de apenas um material facilita sua reciclagem.
A embalagem sustentável deve atender pelo menos a três dimensões:
  • Garantir a proteção ao produto;
  • Escolher aquela que implica menos impactos ambientais, medidos segundo a Análise do Ciclo de Vida (ACV) do produto;
  • Saber como os materiais de embalagens são destinados no fim de vida útil, seja por compostagem, aterro sanitário, reciclagem química, reciclagem mecânica ou reciclagem energética.
Segundo especialistas, o ato de projetar produtos em prol da sustentabilidade é tecnicamente possível. Para que isso ocorra são necessárias mudanças de comportamento e alterações nos padrões da sociedade, a fim de que alternativas inovadoras de design sejam, de fato, bem aceitas.
Economia em material e logística
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Embalagens de ovos utiliza menos material e pode ser melhor empilhada
Foto: Divulgação
Economizar no material e facilitar a logística são aspectos essenciais para uma embalagem ser considerada sustentável. E muitas vezes não se dá muita importância a esses dois pontos. Mas, não é assim que pensa a designer húngara e estudante de graduação Otília Andrea Erdelyi. Ela redesenhou a embalagem de ovos, tornando-a ainda mais minimalista, materialmente eficiente e visualmente atraente.
Além de economizar matéria-prima, a caixa de ovos, chamada de Erdelyi, foi projetada para ser empilhada facilmente. Os ovos são colocados em forma de elipse e para o consumidor retirar os ovos da embalagem basta inclinar uma das laterais.
Embalagens recicláveis
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Para transformar a embalagem em cúpula de abajur, basta desdobrar a caixa, vira-la ao contrário e instalar a lâmpada
Foto: Divulgação
Outro ponto mais conhecido e também essencial, para se alcançar uma embalagem sustentável, está no seu poder de reciclabilidade, ou seja, a capacidade que ela tem de ser aproveitada depois de utilizada.
Atualmente, com a grande preocupação ambiental, muitas indústrias estão inovando os seus produtos, fabricando embalagens que podem ser recicladas após serem utilizadas.
Um exemplo está na lâmpada de última geração Lemnis Lighting, já mostrada aqui no EcoD, que desenvolveu uma embalagem capaz de se transformar em uma luminária para acomodá-la.

Fonte: Portal EcoD.

sexta-feira, 15 de março de 2013

Economia verde: afinal, de que se trata?












por: Paulo Haddad

Em função da Rio+20, um dos conceitos mais comentados pelos meios de comunicação é o de economia verde. A experiência mostra que, quando todo mundo fala de um assunto novo, as pessoas provavelmente podem estar falando de coisas diferentes. Podem-se distinguir pelo menos três das principais interpretações que têm sido dadas à economia verde. É possível identificar a primeira interpretação de uma versão mais limitada do que seja a economia verde. Trata-se da tentativa de estender o sistema de preços aos serviços e aos ativos ambientais, mesmo considerando-se que a sua valorização não signifique que esteja transformando-os em mercadorias.
O sistema de preços é considerado um mecanismo tão eficiente, democrático e econômico de resolver os problemas econômicos fundamentais de uma sociedade (o que produzir, como produzir, onde produzir, como produzir e para quem produzir) que acaba por estimular um esforço intelectual muito expressivo para preservar o seu uso nas políticas ambientais. É o caso, por exemplo, de situações em que ocorrem externalidades ambientais (poluição hídrica, avanço da especulação imobiliária sobre os mangues, desmatamento, etc.), quando se procura definir apropriadamente um valor econômico para os recursos ambientais, simulando as condições de mercado para a sua disponibilidade e a sua utilização, a fim de se identificarem as perdas e os danos para a sociedade.
Os mercados funcionam adequadamente na alocação de bens privados, os quais são caracterizados pela exclusividade (quem não desejar pagar o preço de mercado é excluído do seu consumo) e pela rivalidade no consumo (o bem pode ser subdividido, de tal forma que quem consome pode excluir os outros dos seus benefícios). Os bens ambientais tendem a ser não excludentes e divisíveis (exemplo: reservas de águas subterrâneas), excludentes e indivisíveis (exemplo: acesso às áreas fechadas de reservas naturais) ou indivisíveis e não excludentes (exemplos: paisagens cênicas; ar puro). Assim, muitos bens ambientais, por se assemelharem mais a bens públicos (não excludentes, indivisíveis, sem rivalidades) do que a bens privados, não conseguem desenvolver ou simular mercados para avaliações monetárias apropriadas e consistentes.
Uma segunda concepção de economia verde está ligada ao desenvolvimento de modelos de planejamento econômico-ambiental que incorporam os conceitos de insumos ecológicos, processos ecológicos e produtos ecológicos. Trata-se de uma tentativa de melhor compreender a interdependência entre o sistema ecológico e o sistema econômico. Esses modelos permitem que se analisem, por exemplo, os impactos dos investimentos previstos no PAC sobre a pegada ecológica (relativa às áreas de terra produtiva e aos ecossistemas aquáticos), sobre a pegada de carbono (emissão de gases de efeito estufa) e sobre a pegada hídrica (uso direto e indireto de água). Esbarram, contudo, em enormes dificuldades para obter dados sobre o subsistema ecológico, desde o cálculo de simples coeficientes que relacionem a quantidade de poluentes de diversos tipos emitidos por unidades de produção em cada setor produtivo até informações sobre as características específicas de diferentes processos ecológicos.
Essas duas concepções de economia verde se situam, contudo, dentro de uma visão tradicional da Ciência Econômica. Na visão tradicional, a economia é vista como um sistema isolado, sem trocas de matéria e energia com o meio ambiente. Nesta visão, muitas vezes, não se vislumbram insumos ecológicos ou produtos ecológicos enquanto se produz (exemplos: captação de água ou emissão de dejetos industriais em uma bacia hidrográfica), enquanto se consome (exemplo: emissão de monóxido de carbono de veículos automotivos) ou enquanto se acumula capital (investimentos) na sociedade.
O ecossistema é considerado apenas como um setor extrativo e de disposição de resíduos da economia. Mesmo que esses serviços se tornem escassos (capacidade de suporte de uma bacia hidrográfica ou limitações de oferta de um recurso natural não renovável relevante), o crescimento econômico pode se manter para sempre porque a tecnologia permite a substituição de capital natural por capital man-made. O único limite ao crescimento, na visão tradicional, é a tecnologia e, desde que se desenvolvam novas tecnologias (produção de etanol ligno-celulósico para o aproveitamento do bagaço da cana ou de resíduos de madeiras, a descoberta de novos materiais, a miniaturização de bens duráveis de consumo, etc.), não há limites para o crescimento econômico.
Por outro lado, a visão contemporânea de desenvolvimento sustentável inclui a economia como um subsistema aberto do ecossistema. Desde que o ecossistema permaneça constante em escala enquanto a economia cresce, é inevitável que, a economia se torne maior em relação ao ecossistema ao longo do tempo, ou seja, a economia torna-se maior em relação ao ecossistema que a contém. O capital natural remanescente passa a ser o fator limitativo do crescimento econômico num ecossistema congestionado (com estresse ou em regime de coma ecológico) onde prevalecem as leis da termodinâmica, a de conservação de matéria e energia e a lei da entropia.
* PROFESSOR DO IBMEC/MG, FOI MINISTRO DO PLANEJAMENTO E DA FAZENDA NO GOVERNO ITAMAR FRANCO 

sexta-feira, 8 de março de 2013

O Brasil e a economia verde!


A economia verde é um tema que ganha cada vez mais força, já que o mundo sente as consequências das mudanças climáticas e a escassez dos recursos naturais.

Por Paula Louredo Graduada em Biologia
Será possível manter uma boa economia sem prejudicar o meio ambiente e afetar o clima?
Será possível manter uma boa economia sem prejudicar o meio ambiente e afetar o clima?

Segundo o PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), aeconomia verde pode ser definida como sendo  “Uma economia que resulta em melhoria do bem-estar da humanidade e igualdade social, ao mesmo tempo em que reduz, significativamente, riscos ambientais e escassez ecológica".

Para que haja uma economia verde, o aumento da renda e das vagas de trabalho deve ser estimulado por investimentos públicos e privados que diminuam a poluição, aumentem a eficiência energética e previnam perdas de biodiversidade. Nesse tipo de economia, o desenvolvimento deve manter, aprimorar e reconstruir bens naturais, vendo-os como um bem econômico e como uma fonte de benefícios, principalmente para a população de baixa renda, cujo sustento depende da natureza.

O conceito de economia verde não substitui o conceito de desenvolvimento sustentável, mas atualmente existe um crescente reconhecimento de que a realização da sustentabilidade se baseia quase que inteiramente em conseguir o modelo certo de economia. Mesmo que a sustentabilidade seja um objetivo a longo prazo, é necessário que a nossa economia se torne mais verde para que consigamos atingir esse objetivo. Para que essa economia se torne real, são necessários investimentos públicos e privados, tecnologias, políticas públicas, programas governamentais e práticas de mercado voltadas para:

• Melhoria dos processos produtivos;
• Aumento da eficiência com diminuição no uso dos recursos naturais;
• Diminuição das emissões de gases do efeito estufa;
• Transformação de resíduos de um processo em insumos de outros;
• Proteção dos mananciais, uso responsável da água, universalização do saneamento básico;
• Ampliação de fontes de energia limpas e renováveis;
• Recuperação e preservação dos ecossistemas;
• Atenuar os efeitos da mudança do clima.

Para o Governo brasileiro, a economia verde deve ser inclusiva, é preciso considerar igualmente os setores econômico, social e ambiental. Para o Ministro da Ciência e Tecnologia Marco Antônio Raupp, “A economia verde deve promover a geração de empregos, a inovação tecnológica, a ciência, a inclusão social e a conservação dos recursos naturais, e não ser utilizada como pretexto para a imposição. Para nós, essa questão de inclusão social e crescimento é fundamental”. Ainda segundo o ministro, o potencial de biodiversidade, os avanços sociais e a matriz energética brasileira permitem ao Brasil uma transição rápida e segura para a economia verde inclusiva

sexta-feira, 1 de março de 2013